segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Conforme prometido: como descobri a Fibromialgia?

Bom... Vou começar, contando um pouco da minha infância. Eu fui a primeira filha e a primeira neta por parte de mãe. Fui muito esperada pela família e por isso, muito mimada por todos. Quando minha irmã nasceu, começaram os problemas, pois os meus pais não souberam lidar com o fato de ter vindo mais uma criança para a família. Ao mesmo tempo que queriam dar extrema atenção para a minha irmã, que seria natural, eles tiveram medo da minha reação, pois até então eu não sabia o que era compartilhar o amor, a atenção dos meus pais e dos outros membros da minha família. E com isso, ao entender deles, tudo que eles queriam dar para mim, tinha que dar para a minha irmã e vice-versa. Com isso, causou extrema competição entre eu e minha irmã, pois se ela ganhava alguma coisa, eu tinha que ter igual e se eu ganhasse ela também. Isso fez com que os anos se passassem e eu e minha irmã se afastasse, pois quando meus pais queriam dar alguma coisa para a minha irmã e não tinham como dar para mim, eu houvia histórias e muitas vezes, descobria a verdade e ficava muito chateada achando que era culpa da minha irmã que tinha feito de tudo para conseguir o que queria. Isso também acontecia com ela e acabou causando um distanciamento entre nós depois de um tempo. Além disso, como eu era a mais velha de todos e era criada pelos meus avós, junto com a minha irmã e meus primos mais novos, sempre tive a cobrança de dar bons exemplos já que eu era a mais velha e isso era muito constante em casa ou nos meus avós. Quando minha irmã me provocava e eu acabava batendo nela, era sempre eu quem apanhava dos meus pais pois era a mais velha e sempre achavam que era eu a culpada. Não culpo meus pais e nem meus avós por esses comportamentos, pois os pais sempre querem o melhor para os filhos e tenho certeza que eles com isso, tiveram o intuito de acertar. Eu como mãe também sei que cometi alguns erros e isso é normal, pois não nascemos com um manual de como criar os nossos filhos.
Na minha adolescência, mais precisamente aos 13 anos, tive artrite reumatóide juvenil e isso fez com que literalmente eu desse uma pausa na minha vida, já que levei 2 anos para receber alta. Essa doença atrofia todas as juntas do corpo e na época, eu não abria mais os braços e fiquei durante um tempo sem andar. Foi muito difícil lidar com tudo isso, já que na minha idade estamos descobrindo o mundo e eu fiquei privada disso por um bom tempo. Além disso, durante um tempo não frequentei a escola, só ia para fazer provas e tive uma rotina muito desgastante de natação diária para que eu recuperasse os movimentos. Graças a Deus, aos meus pais e aos médicos que cruzaram a minha vida, não fiquei com nenhuma sequela e passei a levar uma vida normal.
Com 17 anos, conheci um rapaz 9 anos mais velho e me apaixonei perdidamente. Meus pais não eram a favor do nosso namoro, justamente pela diferença de idade e por eles muitas vezes presenciarem brigas por causa do ciúme que ele sentia de mim. O fato dele ser mais velho, de ter me feito descobrir a minha sexualidade e de ser "proibido" fez com que eu insistisse em namorar com ele. Em menos de um ano de namoro, engravidei. Foi um choque para a minha família e mais uma vez fui muito cobrada por todos e sofri muito preconceito. Sei que eu não estava certa que eu tinha que me cuidar e para isso fui na ginecologista e fiz tudo direitinho, mas como minha mãe não sabia lidar muito bem com esses assuntos e ainda não gostava do meu namorado, quando viu que eu estava tomando anticoncepcional ficou furiosa e ao invés de me aconselhar e explicar, me disse que seu eu não parasse de ter relações sexuais com o meu namorado ela contaria ao meu pai. Como eu tinha muito medo do meu pai, a minha primeira reação foi parar de tomar o remédio, mas não parei de me relacionar com o meu namorado e um dia a camisinha estourou e eu engravidei.
Sempre quis ter a minha filha, nunca pensei em não tê-la e essa decisão foi muito complicada pois no início tiveram familiares que me apoiaram e outros que não e isso me deixou apavorada pois eu queria ter a minha filha, mas era muito nova para assumir toda a responsabilidade. Além disso, ainda tinha o meu namoro que era muito conturbado por conta do ciume que ele sentia por mim. Nos separamos quando eu estava no 6º mês de gravidez e tive dois princípios de aborto por conta das brigas que eu tinha com o meu antigo namorado. No dia 13 de novembro de 1996, a pessoa mais importante da minha vida nasceu e foi o dia mais feliz da minha vida. Acabei voltando com o pai da minha filha, mas ficamos mais 6 meses juntos, pois não conseguíamos ter um relacionamento saudável. Após o término, começaram os grandes problemas com o pai da minha filha, já que esse não aceitava a nossa separação. Com isso, senti muito medo, insegurança e ao mesmo tempo mais uma vez fui cobrada por todos, pois eu tinha que crescer, ser responsável afinal de contas eu era mãe. Não que eles estivessem errados, mas eu não estava preparada para lidar com tudo isso e com todos os outros problemas que passaram a existir: pedir para o juiz a guarda da minha filha, pensão e horário de visitas. Tudo isso foi muito desgastante para mim. Depois que minha filha nasceu comecei a sentir diversas dores no corpo e principalmente na coluna, o que me rendeu uma ficha enorme nas clinicas ortopédicas, pois tive diversas tendinites, dores lombares, lesão no joelho e etc. Já era a 1ª manifestação da Fibriomialgia
Quando minha filha tinha 8 anos, conheci o Alvaro, meu marido, e resolvemos não nos desgrudar mais. Depois de 6 anos e muita luta nos casamos.
No ano passado, comecei a sentir que o sono estava mudando. Antes eu dormia com facilidade e naquela época era quase impossível pegar no sono e quando isso acontecia eu não tinha um sono tranquilo. Dormia e acordava diversas vezes, tinha pesadelos. Na mesma época, meu marido começou a ir para a academia e eu o culpava que ele estava ficando muito cansado e por isso roncava muito e não me deixava dormir. Foram meses de revezamento no sofá para que conseguisse dormir pelo menos um pouco. Com o tempo, a falta de uma noite bem dormida, começou a me acarretar dores no corpo todo e muita fadiga, principalmente de manhã. Além disso, comecei a sentir dores com maior intensidade em algumas partes do corpo. Primeiro foi no pulso. Procurei um médico que disse que eu estava com tendinite. Tratei e a dor foi amenizada. Depois de 15 dias, comecei a sentir uma dor muito forte no pescoço. Novamente fui para a clinica ortopédica e o médico disse que eu precisaria fazer RPG para corrigir a minha postura. Mais 15 dias depois, comecei a sentir dores nos braços, mas não eram em articulações e sim no músculo. Aí comecei a desconfiar que tinha algo errado comigo, pois era muito estranho eu estar sentindo tantas dores em um espaço muito pequeno de tempo. Comecei a desenvolver a depressão e só chorava, pois não estava sabendo lidar com todas essas situações. Comecei a procurar diversos médicos, já que eu e minha família começamos a desconfiar que a Artrite Reumatóide tinha voltado. Passei por diversos médicos, fiz diversos exames para descartar a artrite, lupus e outras. Até que uma reumatologista diagnosticou a Fibromialgia. Comecei a tomar antidepressivos e remédios para dormir. Pois a minha dificuldade para dormir não tinha nada a ver com o cansaço do meu marido. Coitado! Brigamos tanto por causa disso... E comecei a fazer diariamente atividade fisica e sessões semanais com a psicóloga.
Vocês devem estar pensando, por que contei tudo isso sobre a minha vida? Para exemplificar que a causa da minha Fibromialgia teve tudo a ver com as cobranças e os acontecimentos que se sucederam em diversas etapas da minha vida. Claro que eu sempre tive a predisposição a desenvolver a doença, mas os acontecimentos que fizeram com que ela fosse desenvolvida. Por isso, que pessoas com problemas bem maiores que os meus nunca desenvolveram esta doença, pois elas não possuem geneticamente esta predisposição.
Hoje, depois de 8 meses, estou com a Fibriomialgia controlada. Estou dormindo com ajuda de remédios e praticando muito exercício fisico: caminhada, corrida e musculação. Isso me rendeu 12 Kgs a menos...(pelo menos uma coisa boa, né) e a descobrir com a ajuda da minha psicóloga o que ocasionou a doença e estamos trabalhando para que eu melhore cada dia mais. Minha força de vontade e o amor que eu tenho a minha vida e a minha família me fizeram ter forças para lutar contra tudo isso. Tenho orgulho do progresso que tive durante esses meses e por isso, digo. Se você estiver passando por isso, saiba que depende muito mais de você do que qualquer outra coisa e que tem uma maneira de conseguir levar uma vida normal.

Um abraço a todos.

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